quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A queda da minha mãe !!

A queda da minha mãe !!

Me desculpe mas hoje vou usar o espaço para falar da minha mãe.
Já sabendo de antemão que quando ela souber irá me dará um puxão de orelhas. Porque para minha mãe falar a repeito da catedrática profissão da medicina, é uma total falta de respeito, é quase como puxar a batina de um padre.
Ela é daquelas pessoas que foram criadas, achando que os médicos em especial, são pessoas que estão acima do bem e do mal.
Mas vamos lá, não pretendo ser injusta, afinal de contas todas as profissões, temos os santos, os quases santos, os quase demonios e os ...
Foi assim que tudo aconteceu...
Próximo passo... Mas cadê a calçada? O passo alcançou o vazio então uma inevitável queda.. Contrangimento, vergonha, mamãe caida no chão na frente de um monte de gente, logo ela que sempre foi tão austera.
Aquilo era a pior coisa que poderia ter lhe acontecido nos últimos meses.
Chora muito, como se aquele tombo significasse a queda também do seu orgulho, um tapa na cara, uma traição da vida. Tento acalma-lá, coloco gelo, sangue vivo...
Momentos de agonia, seu choro a coloco no meu colo indefesa.
No começo não reclamava de dor, e sim da vergonha que passou naquele terminal de ônibus lotado.
Chegamos a conclusão que deveríamos leva-lá ao médico, temiamos uma fratura, e para ela com 72 anos de idade aquilo seria desastroso.
Precisavamos do parecer de um profissional, qualificado, "educado", estudado...
Posto de Saúde cheio: fila, espera, demora...
Eu com a minha mãe sentada naquele banco, me senti abandonada a própria sorte.
Mas quem sabe se tivessemos a sorte de encontrar um médico atencioso?!
Depois de algum tempo, uma voz nos chama no final do corredor, enfim havia chegado a nossa vez!!
- Boa Noite Dr, tudo bem?
A resposta não vem, como se aquele cumprimento fosse uma ofensa, nenhuma resposta sequer. Mas tudo bem, talvez estivesse cansado demais para me responder, o que na verdade me importava era que o problema fosse bem conduzido.
Derrepente sem nenhum cumprimento, sem pronunciar o seu nome, pergunta o que aconteceu. Como se mamãe fosse de uma casta inferior a sua e não merecesse ser chamada pelo nome.
Devido a sua dificuldade de audição, não o escuta, percebi que isto o deixou irritadiço.
Entrei na conversa imediatamente, com receio que a situação ficasse insustentável
E disse: ela caiu e estamos preocupadas com uma possível fratura.
Automaticamente olhou para a ferida exposta e disse em tom áspero:
-Faça um RX, depois voltem aqui!!
Minha vontade era não voltar mais, pegar minha mãe e ir embora, mas o medo de uma possível fratura me vez ir até o fim.
Naquele banco gelado, enquanto esperavámos o RX, olhava para minha mãe, e pensava: "Ela não merece ser tratada como um entulho, como se tivesse culpa da sua queda".
Na sala de RX, o funcionário com a mesma cara robusta a chama pelo nome.
Pensei: Será que o mal humor é algum tipo de virús ?!
Com o RX nas mãos, voltamos a sala do médico...
Sem dirigir o olhar disse: Não tem fratura, vá na sala do lado e faça um curativo!
Obedecemos a sua ordem, mas quando estava no meio do corredor resolvi voltar:
O chamei pelo nome, e disse calmamente olhando nos seus olhos:
-Muito obrigada pelo seu atendimento humanizado! Espero que nunca precise de um médico como você.
Por um momento me olhou nos olhos, não respondeu nada, virou as costas e saiu com um andar cambaleante, parecendo querer entender o significado das minhas palavras.
Por Claudia Canto

terça-feira, 7 de setembro de 2010

http://www.tvcultura.com.br/provocacoes/galeria/Programa_479___Cláudia_Canto_29990/




Antônio Abujamra entrevista a escritora e jornalista Cláudia Canto

Veja a ousadia e a naturalidade de Claudia CANTO nesta entrevista e o momento em que deixa Antonio Abujamra corado.
Reprise dia 08 de setembro 1h30 da madruga