segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Entrem sem bater!

Não trabalho com autores mortos!!



Vamos adentrem a porta, esvaziem os bolsos, abaixem as cabeça
Vejam os cadáveres, estão confeccionando uma enorme teia de palavras.
Estão todos rindo, riem não sei do que? Ah, sei sim, riem da nossa decepção, gargalham da nossa sabedoria.
Reparem, Machado, é o que mais ri, está dizendo que ainda estamos preocupados com a traição da Capitu, me parece ébrio, está zombando nos chamando de mexeriqueiros.
Entrem venham, vem para este lado, enxergarão sobre outro prisma.
Parem de ser tão catedráticos.
Me recuso a trabalhar com autores mortos!
Mas quem disse que Machado morreu? Plínio sobreviveu nos moleques do cais, Jorge Amando acompanhado dos seus capitães de areia, percorrem o centro de São Paulo todos os dias...
Um apanhado de livros, pessoas, botecos, prostitutas. Mas porque tudo tão arrumadinho?
Alma em desalinhado, tudo tão bagunçado, tão arredio. Do contrário fosse, seria bula de remédio. Palavras transgênicas
Mundo à parte, entrada só para os loucos, Lobo da Estepe... Fragmentos, onde tudo conta, olhos atentos, pensamentos frenéticos, esquivos, mult cultura literária
Asco ao obvio, a retidão, ao pensamento linear, aquilo que se diz, quando não tem que dizer, preenchimento de lacunas!
Oceano das incertezas, a importância da cadencia, o desprezo pelo verbo, o respeito às vírgulas, os detalhes das entrelinhas severas.
Estou engordando, tecidos adiposos se sobressaem por todos os poros, novas palavras, fartura, digestão, indigestão, liberdade.
Enfiaram um Machado na garganta do Machado, mas a morte não veio, sobrevida, sobressalto.
Mas a morte, não veio, a morte não veio, está vivo em um amontoado de gente.
Ei! Mas o que aquele cadáver esta fazendo de blusa de frio, neste calor!!