sábado, 27 de julho de 2013

Desvario de alma


Em um ímpeto desenfreado, resolve sair pelas ruas distribuindo todo o desvario de amor que lhe foi oferecido.
Como louca caminha entre os drogados, abstêmios, loucos, sábios, animais, inimigos, amigos, poetas, pedintes, e assim vai prosseguindo sem rédeas, sem parâmetros, sem destino.
A cada nova travessia, a cada novo olhar, cada novo carinho, vai descobrindo o poder curativo do amor.
E ao final sente-se exaurida diante de si mesma...



domingo, 21 de julho de 2013

A D. Palavra resolveu se manifestar

A D. Palavra resolveu se manifestar.
Vestiu uma roupa com as cores da Jamaica, e saiu pelas ruas com a caneta em punho, gritando aos quatros cantos, que não aguentava mais ser ultrajada.
Em um desabafo carregado de lágrimas, exigiu mais respeito e menos dissonâncias.
Acometida acusou a pouca rigorosidade do SR. Verbo, que segundo ela era um dos culpados pelos mais variados abusos, que sofria desde as primeiras palavrinhas soletradas ainda no berço.
"Se o Gigante Acordou, ele que trate de se ater as vírgulas esquecidas ou abusivas que enfiam nas suas entrelinhas sem ao menos pedir licença."
Disse que estava cansada de sustentar palavrinhas feitas nas coxas.
Quando estava no meio da AV. Paulista, cansada de gritar sozinha resolveu desistir.
Agora estava ali em cima do penhasco, esperando o Sr Verbo. Enquanto ele não tomasse uma atitude de homem, permaneceria ali muda, imóvel e pelada, brincando de bolinha de sabão com o Adjetivo. Um boyzinho marrento que conheceu em um boate gay na Augusta.
“Se é pra perder tempo com palavrinhas, é melhor dar vez aos palavrões, que não tem vergonha de mostrar a cara, e são muito mais gostosos”.
Enquanto isto a humanidade seguia muda!

Gracinhas de Alma

Estou mesmo cansada das gracinhas da minha alma.
Ela é muito metida a besta, fica o tempo todo se exibindo, passeando pelada pelo meu corpo inteiro.
Como se não tivesse mais ninguém no mundo, e fosse a única a morar dentro de mim.
Não tem vergonha de nada: grita, pula corda, brinca de esconde-esconde, como uma menininha.
Enquanto eu, tenho que colocar mil panos para cobrir as curvas do meu corpo, além de trabalhar o tempo todo, para sustentar as suas bizarrices.
Mas, daí a seduzir todos os meus namorados, já é um pouco demais.
O pior é que eles acabam gostando mais dela, do que de mim.
Primeiro ela os seduz, depois os faz rir da minha cara, para no final me chamar pra catar as migalhas espatifadas no chão.
Insana, maléfica, arredia e atrevida.
Ou ela sai de mim, ou eu saio dela.
As duas juntas neste mundo, é o que não pode ser!!

Luana e o seu Menelick

O nome dela era Luana, filha da Lua, recanto de luz, guerreira Negra
Carregava em suas costas vários tentáculos, em diferentes tonalidades.
O grande problema é que não conseguia lidar com eles. Vivia tropeçando em suas raízes, caminhava equilibrando-se em seus apêndices, caia aqui, levanta-se acolá.
Sentia-se sozinha, em um mundo puro quase virginal.
Amava grande demais.
Sofria com este excesso de amor. Eram poucos os que conseguiam atingir o seu amágo.
Seguia como ébria distribuindo sonhos, amando em demasia.
Em uma crise de loucura, resolveu cortar um dos seus apêndices. Não aguentava mais a bagunça da sua alma.
Achava que desta forma tudo seria mais fácil.
Mutilada caminhou débil, por muitos milênios, mesmo acompanhada sentia-se sozinha.
Sentia falta da sua outra parte, sem freio amou ainda mais, queria de qualquer forma suprir o vazio da sua alma.
Enquanto isto lá de cima, um par de olhos negros a observava. Era a sua mãe Lua, que preocupada pensava em fazer algo, que pudesse trazer para a sua filha todo o amor que ela merecia.
Foi então que teve a ideia de reimplantar em seu ventre o orgão mutilado.
Havia decidido, ele teria o nome de rei, e traria para sua menina toda a alegria do mundo.
E assim, Luana reencontrou Menelick seu orgão perdido.
Foi assim que a metarmorfose se fez, tornaram-se  um por toda vida.
Com ele, Luana aprendeu a caminhar...