domingo, 22 de maio de 2016

Uma “ladra de almas” nascida no extremo leste de São Paulo, virou  destaque no universo literário
Texto Amanda Matos

Escritora, palestrante, e jornalista, Cláudia Canto é sem dúvidas uma personalidade da Cidade Tiradentes, nascida e criada no bairro, é uma mulher ímpar por seu jeito forte e pelo modo como se expressa, autora com 4 livros publicados, Morte ás vassouras (2002), Bem vindo ao mundo dos raros (2004), Mulher moderna tem cúmplice (2006) e Cidade Tiradentes, de menina a mulher (2008), conquistou seu lugar como uma profissional multifacetária.
Leitora assídua desde os 15 anos, a literata buscou em Machado de Assis, Dostoiévisk  e Clarice Lispector,  inspiração para escrever suas obras que possuem um estilo de escrita lírico, poético e algumas vezes  erótico. Cláudia conta sobre as dificuldades de se publicar um livro sobre realidade periférica no Brasil, recebeu diversas vezes o não como resposta ao encaminhar seus manuscritos para editoras conceituadas.  
Atualmente desfruta de seu primeiro livro, “Morte ás vassouras”, onde  retrata  experiência vividas  em um palacete em Portugal, trabalhando como empregada doméstica, em sua segunda edição inglês e terceira em português, que foi lançando em três centros universitários do Reino Unido, dentre os quais a Universidade de Oxford.  
Sua primeira passagem pela Europa foi difícil, e quando perguntada sobre o preconceito de ser uma mulher brasileira e negra em outro país, a jornalista afirma ter percebido  uma diferença de mentalidade por parte europeia,“ há preconceito, mas quando você se afirma como cidadã esse prejulgamento muda” .Escritora de assuntos polêmicos, Claudia Canto enxerga uma comunidade atual diferente, onde o negro busca se reconhecer como negro, se aceitando da forma que é, não se rebaixando a padrões imposto, da mesma forma o aumento da luta da mulher na sociedade, a explosão feminista no Brasil é considerada incrível, mas a autora salienta que nada adianta a luta quando a alma não aceita essa reforma, pois o ganho é maior quando o indivíduo se reconhece e passa a se reafirmar.  
A zona leste de São Paulo vem passando por modificações a algum tempo, e Claudia atribui isso a inserção da cultura na periferia, espaços como a Fabrica de cultura Cidade Tiradentes  o Centro de formação cultural, e o projeto Pombas Urbanas vem agregando valores nunca vistos pela população marginal dessas regiões, que passaram anos sem ter lugares para manifestar todos os seus costumes. As comunidades não são feitas só de violência e pobreza são compostas por pessoas, que buscam a cada dia sua identidade. A jornalista descreve isso muito bem em seu livro Cidade Tiradentes, de menina a mulher (2008), onde retrata o bairro com o uso de uma literatura marginal, expõe o urro desse corpo social.
Criada no bairro, foi capaz de ver as alterações como a mudança do conceito de que a única coisa que o local possuía era COHAB que foi construído no início da década de 80, pela Prefeitura do Município de São Paulo, e definiu em uma frase a importância do distrito em sua vida “é o seio materno,  teto, o ventre de mãe, onde me tornei cidadã” afirma Claudia Canto.
A jornalista não se considera exemplo para nada, desconstrói esse conceito quando atesta que cada um deve ser exemplo de si próprio. Com uma história de vida cativante, essa escritora mostra como  o medo atrapalha a vida, delineia a importância da coragem, a necessidade que cada um tem de ser aquilo que a alma pede , pois todo individuo deve se ver como raro, rico e milionário.
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