segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Lançamento Casa das Rosas


Uma língua Portuguesa diferente

(...)
Dou de presente
Uma língua Portuguesa diferente, aprendida no gueto
Poesia das ruas e Chico Buarque da periferia
E haverá um dia em que chegarás perto do belo,
Este mesmo que as estatísticas quiseram apontar como feio
Aprenderás o que é anseio à flor da pele.

Ventre

Ventre

Uma tinha laços de fitas na cabeça, a outra tinha os pés no lugar da cabeça...
Quando uma gritava, a outra gritava para não chorar.
Uma sentia medo, e a outra engolia o medo.
Uma respirava, a outra perdia o fôlego de tanto respirar.
Uma andava de patins, a outra caminhava lentamente dentro dela.
Enquanto uma corria, a outra parava.
A de fitas na cabeça olhava para dentro, e a outra vivia olhando lá fora.
Uma era à noite e a outra era o dia. A do dia trabalhava, enquanto a da noite sonhava.
E por serem assim tão diferentes, nunca se encontravam.
Mas mesmo tendo tudo diferente, uma única coisa às unia...
Era o ventre!
Somente os seus ventres, eram capazes de trazer para fora todo o amor que sentiam.
Foi ali onde germina a vida, onde nascem os seres, que elas se encontraram.
O ventre de uma, era como o ventre da outra.
Somente quando eles se encontravam, quando estavam juntas se reconheciam.
Ali alinhada nos seus ventres, nas suas luas, nos seus ciclos.
Em um mundo onde a natureza não fazia distinção, onde só o amor é soberano

"O escritor é um ser às avessas, tem pregos na cabeça e parafusos soltos no coração... E com o coração desparafusado, muitas vezes parece uma Galinha D'Angola"